Envolvido nas mortes de mecânico e de sargento em Gravataí confessa outro crime após vídeo de execução

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Um vídeo que vinha sendo analisado pelos investigadores da Delegacia de Homicídios buscava a identidade de dois homens que aparecem chegando em um bar no bairro Salgado Filho, em Gravataí. A pé, eles entram no estabelecimento e pedem uma cerveja ao proprietário. Em seguida, um deles sai do local e vai ao lado, numa espécie de ‘puxado’. Ali, saca a arma e começa a tirar em um homem, sentado em uma cadeira. Na gravação ainda é possível ver o segundo criminoso, que filma toda a cena, também puxar o revólver e atirar contra a vítima, que morre no local.

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A execução, ocorrida em fevereiro deste ano, em plena a luz do dia, é de Maicon Júnior Oliveira Silveira, o Maiquinho. Na cintura dele, os policiais localizaram um revólver, além de uma quantia de drogas já prontas para a comercialização. Durante a investigação de seu assassinato, a polícia já sabia que ele seria o responsável pelo tráfico na região, e foi morto por ser integrante de uma facção rival, que disputa os pontos de venda de drogas na região da Caveira.

A filmagem da execução foi obtida pela Delegacia de Homicídios apenas no mês de abril, dois meses depois da morte de Maiquinho. Foi durante a investigação de um outro assassinato, supostamente ocorrido entre os dias 26 e 28 de março, no qual os investigadores apuravam o desaparecimento de dois amigos, que haviam saído na noite do dia 26 e desde então não haviam mais sido vistos.

O carro deles foi encontrado na manhã seguinte, incendiado no bairro Itatiaia. No sábado (28), policiais receberam informações sobre a possível execução dos dois, e foram até o local, apontado por um informante. Nos fundos do loteamento Princesa, na parada 102, em uma operação que contou com o apoio da Brigada Militar (BM) e do Corpo de Bombeiros, eles encontraram a dupla, enterrada em uma cova rasa.

Vídeo revelou os crimes

Dias antes do encontro dos corpos, uma abordagem de rotina da Brigada Militar (BM) prendeu três pessoas com drogas e armas no mesmo loteamento. Pelo menos dois dos detidos se tornariam posteriormente os principais suspeitos do crime, no qual os policiais já trabalhavam com informações de que as vítimas pudessem ter sido mortas.

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Com autorização da Justiça, os investigadores da Homicídios tiveram acesso aos celulares dos detidos, que revelaram o crime. No vídeo, gravado a noite no meio da área de mata, eles aparecem empunhando pistolas e pedindo explicações sobre a ligação da dupla, até então desaparecida, com membros de uma outra facção, atuante na região das Moradas.

Buscas foram realizadas em um matagal nos fundos do loteamento Princesa, em Gravataí. Foto: Polícia Civil/Divulgação

Nas filmagens os policiais identificaram ser os dois desaparecidos, Brayann Matheus Marques Felício e Joarez Ezequiel de Oliveira, que no decorrer da imagens são obrigados a se agacharem e são alvejados por diversos disparos. Depois, os corpos foram colocados em uma cova, no meio da zona de mata.

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Identificados, no dia 24 de abril, a Delegacia de Homicídios de Gravataí realizou a Operação Vadum Gravis – Cova rasa em latim, afim de capturar os três homens apontados como autores do crime. Dois deles, um homem de 40 e outro de 42 anos foram presos, mas negaram o crime. Um terceiro permaneceu foragido.

Foragido era peça-chave para a execução de Maiquinho

Sendo capturado, o foragido poderia revelar quem era seu comparsa no assassinato de maiquinho. Com as características de altura e tatuagens do sujeito, os policiais realizaram levantamentos e vinham cruzando criminosos que eram presos pela BM com o possível perfil do assassino.

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Foi no dia 19 de maio, na morte do mecânico Gustavo Ramos, de 24 anos, que veio a surpresa. Com três presos após o crime, configurado pela Polícia Civil como latrocínio (roubo seguido de morte), os agentes cruzaram as informações, ‘batendo’ as características com a de um dos participantes. Chamado para depoimento, ao assistir as imagens, confessou a morte de Maquinho. O preso era Anderson Freitas Ávila, um velho conhecido da polícia.

Segundo a investigação do caso do mecânico, ele foi o autor dos disparos na oficina na qual a vítima era sócio. O crime, orquestrado por um ex-funcionário, um adolescente de 14 anos, também contou com a participação de um terceiro, que segue preso.

Gustavo (foto) foi morto após o roubo de um veículo, na mecânica em que era sócio, no bairro Vera Cruz. Crime ocorreu no dia 19 de maio. Foto: Divulgação

Anderson, que estava solto há cinco dias, já havia se envolvido em outro crime da mesma natureza. Ele foi indiciado em 2015 pela morte do sargento da Brigada Militar (BM), Silvio Rodrigo dos Santos, morto um ano antes, quando chegava em casa, no bairro Cohab C. Na época, Anderson e um comparsa foram baleados e presos. Desde então, ele foi preso pelo menos outras três vezes por crimes relacionados ao tráfico de drogas e receptação de veículos. Ele segue preso e aguarda julgamento dos dois crimes.

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No dia 20 deste mês, o homem foragido pelas execuções da cova rasa e pela participação da morte de Maquinho, comparsa de Anderson, foi preso por tráfico de drogas, pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), em Gravataí.

Crimes elucidados e motivações reveladas

Com a confissão de Anderson e a prisão do terceiro suspeito do caso da cova, os inquéritos foram encerrados e remetidos ao judiciário. Além de concluir as duas investigações e prender os responsáveis, os agentes ainda elucidaram a motivação para o assassinato do crime da ‘cova rasa’, como conta o delegado Eduardo do Amaral, que foi o responsável pelas investigações.

“A morte do Maquinho estava relacionada com o tráfico e foi visível a execução pela guerra de duas facções na região. Já a morte dos amigos que haviam desaparecido e foram encontrados na cova rasa está relacionada com o status dos executores na facção. Eles mataram com o pretexto de serem de um outro grupo, mas na verdade eram consumidores do Princesa mesmo. Eles foram usados pelos matadores para mostrarem que são capazes de defender o território e ‘tocar’ a traficância na região”, destacou Amaral.

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