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  • 6 de julho de 2020

Em meio à pandemia, cursinho gratuito tenta ajudar estudantes a realizar o sonho de entrar na faculdade

Em meio à pandemia, cursinho gratuito tenta ajudar estudantes a realizar o sonho de entrar na faculdade
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Enquanto o INEP não define as datas do Enem 2020, estudantes enfrentam dificuldades para no preparo para a prova que pode garantir o sonho de ingressar no Ensino Superior. Mas nem todos enfrentam os mesmos obstáculos. Enquanto alguns podem se dedicar exclusivamente aos estudos, outros precisam dividir o tempo com o trabalho, o cuidado com os filhos os outros afazeres domésticos.

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Para preparar uma videoaula de 30 minutos, Bruno precisa de duas horas. Foto: Arquivo Pessoal

Esta é a realidade da maioria dos 80 alunos que estudam no cursinho popular do Emancipa de Gravataí, revelou Bruno Gaspareto, um dos coordenadores do cursinho. Atendendo gratuitamente estudantes que não teriam como pagar por um pré-vestibular privado, o Emancipa viu muitos estudantes abandonarem as aulas por conta da pandemia. “Teríamos dois núcleos nas cidade este ano. Começamos com 30 alunos, com a pandemia, tivemos que fazer à distância. Pelo menos 10 desistiram por não ter internet”, lamentou Bruno.

A modalidade EAD, no entanto, permitiu a ampliação das turmas, oferecendo aulas a 80 alunos, mas não conteve a evasão. Bruno, que dá aulas de Geografia, afirma que entre os motivos para as desistências está a rotina além dos estudos. Muitos estudantes trabalham o dia inteiro e, cansados, não conseguem acompanhar o estudo. Por isso, a auto-estima é uma das primeiras coisas trabalhadas no cursinho.

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Além de alunos, a pandemia também fez com que o Emancipa Gravataí perdesse professores. Trabalhando de forma voluntária, muitos não conseguem gravar e editar as aulas. “Os programas são muito ruins. Para gravar uma vídeo-aula de 30 minutos, levo duas horas”, contou Bruno.

Enfrentar dificuldades, no entanto, não é novidade para o cursinho que está em seu terceiro ano de atuação no município. Quando chegou a Gravataí, em 2018, o pré-vestibular funcionava em uma sala emprestada e sem estrutura. “Não tínhamos nem classes pros alunos sentarem. Precisamos comprar, do nosso bolso, cadeiras brancas de plástico para os alunos conseguirem ficar minimamente confortáveis. E outra: o quadro não apagava”, lembrou Bruno.

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Estudando enquanto amamentava Júlia passou para Direito

Mesmo assim, no final daquele ano, o Emancipa comemorou a aprovação de quatro alunos em universidades públicas ou com bolsas integrais. Foi o caso de Júlia D’Ávila, que com 18 anos na época, se dividia entre os estudos e os cuidados com Aurora, sua filha que tinha três meses no início do curso. “Dei a sorte de encontrar o Emancipa, que dava aulas nos sábados pela manhã. A Aurora sempre ia comigo, porque eu amamentava”, contou a jovem.

“Nós íamos sempre, mesmo quando ela dormia tarde na sexta à noite, ou quando chorava de madrugada. As vezes era muito frio, lembro de alguns dias que choviam muito, mas ela ia comigo. Eu dei muita sorte, os professores do Emancipa são e eram muito bons, eles possuem uma didática muito boa”, analisou a estudante que foi aprovada para o curso de Direito na Pucrs com bolsa integral.

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Aurora foi a companheira de estudos da mãe. Foto: Arquivo Pessoal

Júlia revela que o curso foi muito importante para que seguisse estudando. “E eu não falo essas coisas pra dizer que se você se esforçar muito vai conseguir, nem quero entrar no discurso meritocrático. Mas se eu não tivesse tido a oportunidade de ter aulas no Emancipa todos os sábados pela manhã, talvez eu não tivesse continuado”, comentou.

Na mesma linha, Bruno lembra que trabalhos como o do Emancipa têm a função de auxiliar os alunos em uma disputa que acontece em condições desiguais. “Cursos populares nascem por conta do descaso do estado. Como só faz curso pré-vestibular quem tem dinheiro, o acesso ao Ensino Superior é mais difícil para quem não tem está possibilidade”, criticou.

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Educação além do cursinho

Projeto começou com aulas de Taekwondo. Foto: Divulgação

O professor define o Emancipa como um “Movimento Social de Educação Popular”. Antes da chegada do Pré-Enem, o trabalho do grupo começou no bairro Xará, em 2017, com o professor Ruan dando aulas de Taekwondo. O projeto segue funcionando e alcançando sucesso. “Já colocamos cinco crianças das periferias de Gravataí no Campeonato Brasileiro de Faixas Pretas, atravérs da luta do Ruan”, comemorou Bruno.

Na cidade também é realizado o trabalho do Emancipa Mulher, voltado a discussões e questões de gênero. O projeto é coordenado por Tamires Paveglio e a Giulia Pereira;

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