- Polícia
- 17 de junho de 2020
Com ‘SAC’, como um grupo criminoso de Gravataí cresceu na ‘tele’ de drogas na região
A audácia de organizações criminosas para a venda de entorpecentes não é novidade. No Rio Grande do Sul, nos últimos anos, diferentes grupos foram desmantelados em audaciosos esquemas de venda de drogas. O esquema de tele-entrega também não é novo. Com a agilidade na entrega, sem que o cliente tenha que se deslocar até um ponto de tráfico, o grupo criminoso de Gravataí, ligado à facção dos Bala na Cara, passou a abandonar o tráfico de drogas em esquinas e biqueiras’, se dedicando exclusivamente ao sistema delivery.
Além de não chamar a atenção da polícia, a entrega através de motoboys era certeira, já que se fossem pegos, alegariam ser usuários pela pouca quantidade que carregam, como contou a delegada Luciana Smith, responsável pela investigação que desarticulou o esquema nesta manhã. “Eles se preocupavam com isso. Se fossem pegos, alegariam que eram usuários, já que carregavam apenas a droga pedida pelos clientes. Dos bairros aqui da cidade, eles entregavam até mesmo em outros municípios.”, destacou.
Um Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) da quadrilha
Ao longo de 10 meses, agentes da 2ª Delegacia de Polícia (DP) de Gravataí monitoraram o esquema desenvolvido pelo grupo, oriundo do chamado ‘eixo das paradas’, que engloba bairros como Barnabé, Vila Central, Monte Belo, São Luiz e Cohab’s. O esquema já era conhecido, mas se intensificou a partir da pandemia de coronavírus. Desde então, os criminosos passaram a estruturar o esquema como uma empresa, com direito a um canal de Whatsapp, chamado de Central.
Um criminoso recebia os pedidos, fazia a separação e informava um dos motoboys, que também eram membros da organização criminosa. Para despistar a polícia, eles pegavam o entorpecente em endereços de pelo menos três bairros, seguindo o esquema da droga fracionada, visando um pequeno prejuízo caso fossem pegos pela polícia.
Colorado era o líder
Na manhã desta quarta-feira (17), cerca de 200 policiais civis de diferentes delegacias desencadearam a Operação Beira Rio, e cumpriram 52 mandados entre prisões e buscas em endereços de pelo menos cinco cidades, além da tentativa de captura do suposto líder do esquema, um criminoso apontado pela polícia como ‘Colorado’. Era a partir dele que toda a ‘engrenagem’ do crime funcionava, e que em poucos meses, cresceu financeiramente.
Ainda segundo a delegada, um dos locais de cumprimento de mandado era para uma residência que Colorado pudesse estar escondido, na capital catarinense, Florianópolis. Entretanto, no local os policiais prenderam um gerente do esquema, também morador de Gravataí. Além disso, buscas foram feitas em Cachoeirinha, Viamão Alvorada e Porto Alegre.
Um outro gerente e dois motoboys foram presos, além de um homem detido em flagrante com drogas. Ao todo, oito alvos já haviam sido localizados até o fechamento desta matéria. As drogas, principalmente crack e cocaína, apreendidas nas residências alvos da operação, ainda serão contabilizadas pela polícia. Além disso, a investigação aponta que cerca de 30 entregas eram realizadas por dia pelo grupo.