Cocaína de Gravataí é a mais adulterada do RS, aponta estudo do IGP

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O Instituto Geral de Perícias (IGP) realizou um estudo que aponta a cocaína que circula em Gravataí como a mais adulterada em todo o Estado. Usando análises de amostras do segundo trimestre de 2021, foi possível identificar casos em que a porção continha apenas 2% da droga na composição.

Depois de uma avaliação total de solicitações de pesquisas da cocaína, o IGP identificou 542 delas por parte das autoridades de Gravataí no período de 2020 e 2021, mostrando um volume grande de solicitações. O levantamento da perícia afunilou o número geral de amostras do Estado para 141. Destas, 10 foram oriundas de Gravataí.

A pesquisa analisou a cocaína apenas em pó, sendo assim, o crack não fez parte da avaliação. O resultado dessas amostras aponta uma grande discrepância na concentração de cocaína na composição. Indo de 2% até 40% da presença da droga na porção. Para título de comparação, a droga considerada pura contém 100% de cocaína na composição. O índice mais alto encontrado na pesquisa foi de 78%, em uma amostra de Porto Alegre.

Segundo a perita criminal Lara Soccol Gris, co-orientadora do trabalho, essa diferença se dá porque os traficantes precisam que haja volume nas porções, para que a droga renda mais nas vendas. Ela comenta que por isso é extremamente raro encontrar porções que tenham 100% de presença da droga na composição, não é rentável para os traficantes.

A metodologia aplicada à pesquisa consegue identificar cinco adulterantes principais nas amostras analisadas. São eles tetracaína, lidocaína e benzocaína, drogas de efeito anestésico, e os estimulantes cafeína e orfenadrina. Nas 10 porções de Gravataí, porém, não foram identificadas nenhuma dessas cinco substâncias.

De acordo com a perita, uma das possibilidades é a de que usam pós brancos genéricos para completar as porções. Talcos, farinhas, bicarbonato de sódio e qualquer outro tipo de pó branco encontrado no mercado convencional são usados na composição. Ela afirma que seria necessário uma outra metodologia para apontar exatamente quais seriam essas substâncias.

O risco dessas adulterações, explica Lara, é que como esses índices são muito flutuantes, a presença de outras drogas na composição, podem desencadear efeitos combinados. Além disso, como a cocaína em si também tem grande diferença de presença, ao comprar de fornecedores diferentes, a discrepância pode ser grande o suficiente para causar um efeito indesejado caso o usuário esteja habituado com um índice específico da droga na composição da porção.

A pesquisa

O estudo teve como objetivo dois pontos principais. O primeiro era identificar que outros tipos de drogas eram acrescentados no processo do tráfico do Estado. O segundo era identificar a quantidade de variações que a droga tinha e se as regiões interferiam nessas oscilações. No momento não é possível identificar quais ou quantos são os grupos, mas é possível apontar que há, no Estado, muitos tipos de adulteração da cocaína em pó.

Ainda sobre a pesquisa, Lara afirma que apesar de parecer pouco, as 10 amostras oriundas de Gravataí foram um número significativo e suficiente para encontrar os resultados que o levantamento buscava.

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