- Especial
- 12 de março de 2021
Apartamento à beira-mar, carro de luxo e segurança; como vivia o procurado número um do RS, líder de facção em Cachoeirinha
Era em um apartamento de alto padrão à beira-mar de Meia Praia, em Itapema, com diária de R$ 1.500,00, que os policiais da Delegacia de Homicídios de Gravataí e do Departamento de Homicídios de Porto Alegre capturam o traficante Tiago da Silva Soares, o ‘Pequeno’, considerado o foragido de número um do RS. Conforme o delegado Eibert Moreira, o apartamento estava alugado desde 27 de fevereiro.
Por pelo menos um ano e meio, agentes monitoraram os passos do criminoso, que além de ser o atual líder da facção ‘Bala na Cara’ em Cachoeirinha, e responsável pela traficância do grupo na Região Metropolitana, era também um velho conhecido da polícia em assaltos à estabelecimentos bancários.
Pelo menos dois novos ataques teriam contado com sua participação e ainda são investigados. Em 2013, o traficante chegou a ser preso durante um arrombamento de caixas eletrônicos na sede do DMLU, na Capital. Com os valores obtidos, passou a financiar ainda mais o tráfico de drogas, reforçando a atuação dos ‘Balas’ na região. Para isso, Tiago também ordenou mortes na disputa por pontos de tráfico de drogas. Conforme o a Polícia Civil, ele é investigado por 11 homicídios, dois deles com participação direta, e outros como co-autor.
Vida no litoral
Com a polícia em cima, Tiago decidiu deixar o RS, já que era um dos últimos do ‘alto escalão’ do tráfico nas ruas. Foi então que ele passou a residir em Itapema, a mais de 400 quilômetros de seu reduto. Antes disso, após inúmeras tentativas de capturas, informações entre as delegacias interessadas em ‘Pequeno’ davam conta de seu paradeiro em cidades de São Paulo e demais estados.
Sabendo que sua prisão era um prêmio, ‘Pequeno’ passou a circular com segurança pessoal, mas que não estava no imóvel no momento da prisão. Sempre vaidoso, nem mesmo a ida ao litoral catarinense fez com que Tiago se desfizesse de seus luxos, como os veículos que ostentava. Na garagem do prédio, uma Mercedes GLA 200, avaliada em R$ 123 mil, chamou atenção dos agentes. No imóvel, os policiais encontraram uma quantia de dinheiro em reais e dólares, que segundo a investigação, são valores oriundos do tráfico de drogas.
Conforme apurou a reportagem do Giro de Gravataí, Tiago não reagiu à entrada dos agentes no imóvel. No entanto, assustado e recém algemado, negou o envolvimento com homicídios. Contra ele, três mandados de prisão estavam expedidos, um em definitivo por furto à banco e outros dois de prisão preventiva por crimes contra a vida (homicídio).
Investigado por financiar a campanha do irmão
Além dos crimes envolvendo o tráfico de drogas, Tiago também é apontado pelo Ministério Público (MP) como o financiador da campanha de seu irmão, Juca Soares (PSD), eleito em Cachoeirinha. No dia 29 de janeiro, o órgão realizou uma operação em desdobramento à investigação. Endereços ligados ao político foram alvos de busca.
Em nota, Juca confirmou ter sido alvo da operação, mas disse que as denúncias eram infundadas.
O Departamento de Homicídios da Polícia Civil não deu detalhes do retorno de Tiago ao Estado.