- Especial
- 27 de abril de 2022
André Valdez | Tudo vale a pena se houver gratidão e generosidade
Astro do Rock Gaúcho, gravataiense e morador de Cachoeirinha, Cris Pacheco Möller era vocalista da Tópaz. Pouco tempo após o lançamento do quarto disco da banda, em 2014, o músico sofreu um acidente de moto, que o deixou cinco meses no hospital. Em março de 2015, Cris voltou para casa, mas precisando de uma cadeira de rodas.
Hoje, buscando recursos para seguir seu tratamento, o músico investe em sua marca de camisetas a Vinte2 (https://vinte2.lojaintegrada.com.br). O colunista do Giro de Gravataí, André Valdez relembra a sua história com Cris.
Uma sútil megalomania usada em causa nobre
André Valdez – Cara, esse moleque me emocionou profundamente, hoje e alguns anos atrás! Certa feita, ele me abordou em uma famosa padaria, aqui, na cidade de Gravataí, e eu nem o reconheci na hora, dado o tempo que não o via.
E ele, como sempre, muito gentil, foi logo tratando de se identificar. Só, então, retomei minha já danificada e usada memória. Lembrei daquele pequeno menino loiro, de olhos brilhantes, que me ouvia e olhava tocar “Eduardo &Mônica” ou outra das tantas canções da Legião Urbana. Eram uma espécie de pockets shows, que aconteciam em sua casa, e sempre com seu olhar, juvenil, promissor e atento, ele me observava.
Passados “zil” anos (sim, tentando Caetanear, até mesmo, em um simples texto de minha lavra), eu o reencontro, nesta inusitada abordagem, em que ele me conta sua vida, onde morava, o que fazia. E eu perguntei por sua mãe, seu irmão (com quem tive embates futebolísticos memoráveis) e seu pai e sua irmã. Só então ele me conta, preservando aquele mesmo brilho no olhar, que era músico e, atualmente, era vocalista e guitarrista de uma banda chamada TÓPAZ.
Entre um gole e outro de café, falou sobre seu ofício e suas atribuições e o quão era apaixonado pelo que fazia. Mas a grande surpresa ainda estava por vir no decorrer do nosso despretensioso encontro e do agradável diálogo, uma vez que ele teve a ousadia, ou melhor, o disparate de quase levar esse velho canceriano às lágrimas ao somente, naquele dia, confidenciar que só havia se tornado músico ou fizera sua procura pelo segmento da música por conta daquelas longas tardes em que eu, com violão em punho, tentava, em vão, mudar rumos da minha vida e da história.
Confesso que, na hora, fiquei baqueado, perplexo, lisonjeado… Afinal, eu jamais havia me tornado músico profissional e aquela sua revelação foi um acalanto, uma espécie de gratidão de recompensa de admiração recíproca, de continuidade de um sonho que sequer realizei, mas alguém concretizou, com êxito e eficiência, algo que tanto almejei.
Foi, naquela manhã, de um inesperado encontro, entre um gole e outro e um diálogo de poucos minutos, que eu percebi que a vida vale a pena. Saí da padaria achando que havia conquistado o mundo, todo pimpão, orgulhoso daquele mancebo e louco pra bradar ao mundo: “você conhece o Cris Möller? Pois então… Ele só é músico por minha causa”, ou seja, mesmo com minha voz e meu violão desafinados, eu o influenciei. Agora, imagine você, Cris, quantos jovens você não influenciou.
Hei, moleque! A vida vale mesmo a pena e, hoje, é melhor do que ontem e, amanhã, será ainda melhor que hoje. Eu não quero ser sensacionalista, mas creio que o nosso encontro também se deu em um dia 22.
Tudo vale a pena quando o olhar de um menino é genuíno e generoso.
Obrigado, Cris!
🙏🏼👏🏾🎵🎶🎼🎸🎙️🧔🏾🧓