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  • 24 de junho de 2021

Amon Costa | Rodoviária dos encontros e desencontros

Amon Costa | Rodoviária dos encontros e desencontros
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Foto da Rodoviária em 1958 e mesmo local em 2021.

A rural e pacata cidade antes dos anos de 1930, modificou-se rapidamente depois do surto desenvolvimentista e das reformas urbanas realizadas pelo então prefeito José Loureiro da Silva, juntamente com a construção da estrada de concreto armado entre Porto Alegre e Gravataí. Com isso, o aumento do fluxo do trânsito e o deslocamento das pessoas que aqui habitavam, trabalhavam ou visitavam a cidade, tornou-se necessário a construção da primeira e única rodoviária de Gravataí, criando um elo de ligação daqui para as mais variadas cidades do estado.

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O seu Adão ( Adão Marcelino da Silva), um dos primeiros motoristas de carro de praça, percebeu a demanda de passageiros que só aumentava e logo adquiriu seu segundo carro de praça, assim eram chamados os antigos táxis.

Os carros trabalhavam em sistemas de 24 horas, tendo como motoristas: Alcides Cunha, Pedro Minuzzo e o sobrinho João Paixão, os relatos são de Amélia e José Marcelino Silva encontrados no livro Raízes de Gravataí de 2011.

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Ford Mercury 1939

As corridas eram tantas que os motoristas chegavam a organizar filas de espera para os passageiros. Gentileza era imprescindível, assim que o freguês se aproximava, cumprimentava o motorista, tirava o chapéu e aguardava que a porta gentilmente fosse aberta. Para descer, o ritual se repetia. O passageiro nunca abria a porta. Esperava que o motorista o fizesse.

Como centro de convergência urbana entre a Prefeitura Municipal, os serviços bancários, a Escola Dom Feliciano e a Igreja Matriz Nossa Senhora do Anjos, que em 1952 o Sr Adão firmou contrato na gestão do Prefeito José Linck para execução da obra de construção do Abrigo de Gravataí, como ficou popularmente conhecida.

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A localização era privilegiada, bem no meio deste centro nervoso da cidade, na rua Osvaldo Aranha entre as Praças Borges de Medeiros e a praça Dom Feliciano. A concessão do prédio também funcionava um bar, que segundo Lana Otero: “ a melhor batata frita da minha infância era no bar da rodoviária”. A concessão para seu Adão durou 20 anos, até mais ou menos 1972, conforme contrato ele devolveu o ponto à Prefeitura Municipal de Gravataí.

Durante os anos seguintes funcionou ali o bar e posto de venda de passagens da Sogil e da Unesul. Muitas pessoas lotavam a rodoviária para ir ao litoral. “…minha primeira viagem sozinho no Unesul…” Éder Leandro.

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No ano de 2012 o DAERS abriu um processo licitatório em todo o estado para novas rodoviárias e ocupação do prédio, porém na licitação não houveram interessados, foi então que em 2015 o prédio foi demolido da noite pro dia pela Prefeitura Municipal para revitalização da praça e dos abrigos de ônibus.

Na época houve espanto e uma centena de relatos de memórias das idas e vindas de nossa primeira e única rodoviária. “…Foi ali que vi meu pai pela última vez, não é uma recordação totalmente ruim, ali ele abraçou meus filhos ainda pequeno, estudei na Escola Josefina Becker e depois no Dom Feliciano, passei a minha juventude vendo a rodoviária, quando um prédio desaparece é como se uma pouquinho de mim também sumisse…” comenta Luciane Barcelos Bittencourt.

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Quantos encontros e desencontros? Quantas partidas e abraços ? Quantas histórias de motoristas, cobradores e taxistas? Vendedores de pipoca, pastel e jornal? Sempre que passo por ali ainda percebo muitos idosos e o pessoal mais antigo na esquina conversando sobre os mais variados assuntos, um verdadeiro “senadinho municipal”. O prédio é simples, mas carregado de histórias e de afetividade, são valores inestimáveis para a cidade.

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