Amon Costa | O verdadeiro GreNal do século

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Muito se fala na imprensa nacional que o Grenal do século foi o da semifinal do campeonato brasileiro de 1988, disputado no Beira-Rio e vencido pelos colorados por 2×1. Doce inocência, mal sabem os mais novos e os que desconhecem a história, que o maior clássico de todos os tempos era entre Paladino x Alvi-Rubro em Gravataí.
Dois dos maiores clubes da cidade produziram durante algumas décadas encontros memoráveis, disputadíssimos, fizeram nascer uma rivalidade que mexeu com toda sociedade gravataiense dos anos 30, 40, 50 e 60.

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O Esporte Clube Paladino, como era chamado na época de sua fundação, foi criado em 20 de abril de 1927, por um grupo de amigos com Ferdinando Costa como presidente, Osório Ramos Corrêa como vice, com a participação de Ismael Linck, Antônio Soares Fonseca, João Löff, Rosalvo dos Reis, Nilo Rosa, Alcides Linck e Darci Soares Fonseca.

O futebol e as associações desportivas começaram a ganhar muita importância no cenário nacional, ainda que na década de 30 o futebol fosse completamente amador. O clube se instalou primeiramente ali na Praça Borges de Medeiros (Praça da Bíblia) em, frente à prefeitura, local onde havia um grande campo de futebol.

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As coincidências com a história da dupla grenal são fantásticas. São seis anos de diferença de fundação entre Grêmio e Internacional e os mesmos seis anos entre o Paladino, que representou o azul e branco e o Alvi-Rubro representado pelas cores vermelho e branco. Os irmãos Pope, após terem sua associação negada no Grêmio, mobilizaram-se para criar o Sport Club Internacional, guardadas as devidas proporções, o Alvi-Rubro foi também criado em oposição ao outro. Uma desavença envolvendo uma bola de futebol nova, item absolutamente valioso na época, os dissidentes da crise da bola, criaram em 1933 a nova agremiação em Gravataí. Em maio de 1933, Ernesto Fonseca, João Carmelino da Silva e outros amigos fundaram oficialmente o clube dos colorados de Gravataí.

A rivalidade era tamanha nos dias de jogos que as idas e vindas foram separadas por ruas exclusivas: para paladinenses, descida da José Loureiro da Silva e para os alvi-rubros, a rua Dr Luiz Bastos do Prado. A rivalidade era tão intensa que no ano de 1963, no dia 07 de agosto, o prefeito José Linck decretou feriado municipal para que a comunidade gravataiense pudesse assistir ao clássico, era a decisão do campeonato entre Alvi-Rubro e Paladino.

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Equipe do Alvi-Rubro campeão de 1947, em pé: Mario Rosa, Renê Elias, Sergio Fonseca, Marinão, Portilho e Polaco. Agachados: Bordogão, Saul Ferreira, Nilão, Decinho, Lucas e Chotorena- Fonte -Livro Um Andar pela Aldeia- Itamar Antônio Fonseca.

Umas das lendas da intensa rivalidade, aconteceu quando em uma das festividades de lançamento do Alvi-Rubro, paladinenses sorrateiramente teriam desligado a luz elétrica e levado consigo os disjuntores, deixando o baile vermelho e branco às escuras.

Carlos Antonio Wilkens, campeão pelo Paladino. Foto:Arquivo da família

No comércio local, as piadas e disputas começavam a ganhar uma intensidade preocupante devido à rivalidade que crescia entre os dois clubes. Nas farmácias, nas lojas, em padarias e repartições públicas, surgiram inimizades surpreendentes, afetando inclusive o desempenho de colegas de trabalho que torciam para times distintos. Em 1942 e 1943 os jogos foram propositalmente cancelados entre as duas equipes, para que as inimizades e fofocas fossem desfeitas.

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Paladino Tri Campeão Citadino 1956, 1957 e 1958 – Fonte: Grupo Reemember/Facebook

Particularmente fui sócio dos dois clubes, no Paladino vivi a infância e adolescência, com o saudoso Seu Anor na portaria dos domingos de Mingau, loucuras de Halloween e bailes de carnaval. As temporadas de verão das piscinas eram maravilhosas, foi no azul e branco que tentei dar os primeiros passos no futebol. Já no Alvi-Rubro me tornei sócio na fase adulta, comecei a jogar com os amigos muitos campeonatos internos , com a incrível narração do Adriano (Goda). O Alvi-Rubro está na minha memória de boemia e resenhas depois dos jogos. Hoje os clubes guardam na memória as saudosas décadas de rivalidade e tornaram-se clubes coirmãos da cidade.

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