Amon Costa | As Ruas

Amon Costa | As Ruas
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Nasci na cidade de Porto Alegre em 1978, minha primeira moradia foi na Rua Pedro Álvares Cabral, a rua que faz fundos com o Hospital Conceição em Porto Alegre, a casa dos meus avós paternos funcionava como uma espécie de pensão, sempre com a mesa farta e muita gente na casa, mesmo depois que saí dali, sempre foi o local de reunião e reencontro da minha família paterna.

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A rua leva o nome do fidalgo português que nasceu em Belmonte, Portugal, em 1468; ainda, foi comandante militar, navegador e explorador português, creditado como o descobridor do Brasil no ano de 1500. Realizou significativa exploração da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre e recebeu uma educação de qualidade.

Quadro do navegador Pedro Álvares Cabral.
Desembarque de Cabral” – Oscar Pereira da Silva Pintor(1865-1959).

Em 1980, nos mudamos para à Rua Dom Pedro II e logo em seguida nova mudança para a Rua Carlos Von Koseritz, também em Porto Alegre; coincidentemente, estes dois nomes de rua, se conheceram pessoalmente no século XIX.

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O imperador brasileiro dispensa comentários históricos de minha parte, farto material, livros, filmes e milhares de estudos biográficos. A rua paralela à Rua Dom Pedro II é a que leva o nome do jornalista, escritor e político Carlos Von Koseritz, que foi um dos maiores monarquistas do Rio Grande do Sul, a tal ponto de receber condecorações de Dom Pedro II.

Imperador Dom Pedro II em 1888.
Escritor Carlos Von Koseritz em 1880.

O alemão Carlos Von Koseritz tornou-se o maior representante das colônias alemãs no Rio Grande do Sul, escreveu nos jornais Jornal do Commercio, Rio Grandense e A Reforma. Em 1876, fundou o jornal A Acácia, direcionado à leitores da maçonaria, seu princípio era: “cada homem esclarecido tem que tornar-se maçom e em toda parte onde ainda não há loja tem que ser criada uma”. Em 1883, elegeu-se deputado provincial e tornou-se o porta-voz dos imigrantes alemães. Foi deputado por quatro mandatos.

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Construção da empresa Trafo (WEG) anos 70. Facebook Grupo Gravataí foi assim
Ponto de Táxi em 1970. Facebook – Grupo Gravataí foi assim.

Em 1984, minha família e eu viemos morar em Gravataí, minha mãe veio com a missão de gerenciar uma das lojas Wink na parada 63, na Av. Gravataí e moramos nos fundos da loja de roupas. Época de muito movimento, principalmente dos milhares de novos habitantes do bairro Morada do Vale e trabalhadores do TRAFO (WEG).

Lojas Wink Modas na parada 72 em 1986.
Posse do Ex-prefeito (PTB- MDB) Dorival Cândido Luz de Oliveira 1972.

Os anos 1980 foram decisivos para a grande virada histórica populacional de Gravataí, com a explosão populacional das Moradas do Vale, Cohabs e os diversos loteamentos de cunho operário, foi também nos anos 80, que a Av. Flores da Cunha trocou de nome no seu trecho gravataiense, passando a se chamar Av. Dorival Cândido Luz de Oliveira um dos políticos mais populares da história da cidade. Em 1963, Dorival de Oliveira foi eleito o prefeito de Gravataí pelo PTB. Em 1972 concorreu à eleição pelo MDB. Em 1979 virou deputado estadual, porém, em seu segundo mandato veio a falecer, em um acidente de trânsito.

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Minhas memórias de moradia na Dorival, como é popularmente chamada, remontam ao intenso tráfego de ônibus e carros na avenida que não era duplicada e do vai e vem na loja de roupas da minha mãe.

O modernizador Loureiro da Silva ocupou a prefeitura de Gravataí entre 1931 e 1933. Em sua passagem pelo município, Loureiro iniciou uma fase desenvolvimentista. Ele foi o responsável pela implantação do sistema de energia elétrica, pelo alargamento e calçamento das primeiras ruas, pela construção da estrada ligando Gravataí a Porto Alegre e pelo projeto urbanístico atual do centro da cidade. A principal avenida no centro do município foi rebatizada de Av. José Loureiro da Silva em sua homenagem, que antes era chamada de Rua do Império. Morei em 1987 em frente onde é atualmente o Deck Lounge Pub Bar e estudava no Dom Feliciano pela manhã; descia pela Rua Anápio Gomes que era repleta de árvores que quase fecharam a rua tão frondosas. Vale lembrar que, o José Loureiro, também foi prefeito de Porto Alegre por duas vezes e da mesma forma modernizou a capital nossa capital.

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José Loureiro da Silva em discurso de posse como prefeito de Porto Alegre.
Avenida que leva o nome do ex-prefeito nos anos 1980.

Uma das ruas mais importantes da minha vida é a Rua Coronel Fonseca, para muito além do local de moradia por mais de 5 anos, essa foi a rua das amizades, a rua dos jogos de futebol, a rua em que ficávamos até altas horas depois das festas do paladino conversando sobre os mais diversos assuntos, dos amigos Eduardo Silveira, Cristiano Oliveira (Miquimba) Luciano Lorenz (Loko), Vinícius e Marcus Pinheiro, Rodrigo (Digão) e Marquinho Machado , Fernando Lenzi, Felipe Ussan (Presuntinho). Essa rua foi o lugar da transição da inocência da infância para a malandragem da adolescência; são incontáveis e inomináveis as histórias vividas ali.

O Coronel Antônio Rodrigues Fonseca, integrou o 9º corpo de Cavalaria da Guarda Nacional e era um defensor do Império. Anos mais tarde, foi um dos heróis gravataienses que lutaram na Guerra do Paraguai em 1865. Foi vereador em 1880, quando da emancipação da cidade e no seu segundo mandato em 1884, foi o presidente da Câmara Municipal, por consequência intendente (prefeito da época), segundo Registros do Historiador Agostinho Martha.

O João Carmelino da Silva em 1925.
A rua que leva o seu nome em 1980.

Atualmente moro na rua mais linda e pacata da cidade, a encantadora Rua João Carmelino da Silva, uma rua sem saída bem no centro da cidade, super arborizada e repleta de natureza, aos poucos tenho descoberto a origem do nome da rua e da misteriosa personalidade do João Carmelino. Foi uma das personalidades mais ativas nos bastidores da política Gravataiense, foi um dos fundadores do Clube Alvi-Rubro, um dos fundadores do Clube Caça e Pesca, foi secretário municipal e braço direito de todos os prefeitos dos anos 30, 40 e 50. No presente momento. Estou realizando um trabalho que casualmente conta com a aparição de diversos registros fotográficos desse personagem, o João Carmelino da Silva.

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Sabem quem foram os ancestrais e as pessoas que emprestaram seus nomes às atuais ruas? Os lugares? As praças? O Museu? Algumas Escolas? Agostinho Martha, Ernesto Fonseca, Nazário, Dona Didi e tantos outros que deram sentido e identidade para Gravataí? Mesmo sendo um teatino (forasteiro) tenho cultivado raízes profundas com a cidade inteira, não apenas raízes nas amizades de agora, nos alunos presentes na sala de aula e com a sobrinha e filho de gravataienses; minhas raízes começam a se aprofundar no passado e nos ancestrais da Aldeia do Anjos. Tenho pensado muito em plantar em alguma rua da cidade uma árvore, quem sabe um lindo e milenar carvalho!!

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