- Polícia
- 8 de junho de 2020
A pedido do MP, Homicídios de Gravataí volta a ouvir policiais de ocorrência que vitimou costureira
Um pedido complementar de oitiva de testemunhas, solicitado pelo Ministério Público (MP), colocou a Delegacia de Homicídios de Gravataí de volta ao caso envolvendo a costureira Dorildes Laurindo, de 56 anos, enterrada neste domingo (07), e de seu companheiro, Gilberto Casta Almeida, de 26, que também foi baleado e preso injustamente durante uma ocorrência policial, em Gravataí.
O caso já havia sido remetido pela Especializada de Gravataí, que no relatório feito pelo delegado Eduardo do Amaral, entendeu que o angolano, Gilberto Casta, juntamente com Dorildes, eram apenas passageiros do veículo que fugiu das viaturas, numa perseguição que começou em Cachoeirinha e terminou em troca de tiros com policiais de Gravataí, conforme registrado em ocorrência.
Além disso, o mesmo relatório ainda apontava um excesso por parte dos três brigadianos de Gravataí, já que durante um novo depoimento, na fase de investigação do caso, mudaram suas versões, não confirmando que a arma encontrada estava com Gilberto na suposta troca de tiros.
Conforme o delegado, a requisição do MP pede que os investigadores colham depoimentos dos três PMs de Gravataí e de outros seis do batalhão de Cachoeirinha, onde iniciou a ocorrência. O caso, que agora é investigado pelo Comando e Corregedoria da Brigada Militar (BM), na Capital, busca identificar se houve o equívoco por parte dos policiais, que sustentam a versão de troca de tiros. Já o preso, por meio de um advogado, informou que não portava arma no veículo, e que ouviu os disparos enquanto fugia.
Para o Ministério Público (MP), existem divergências no caso, principalmente na versão do conflito. Os três policiais permanecem em serviço no batalhão de Gravataí. Uma investigação interna foi instaurada um dia depois do ocorrido, pelo comandante do 17º BPM de Gravataí, major Luis Felipe Neves. Na última semana, o Comando Geral avocou o inquérito.
Entenda o caso
Foi na noite do dia 18 de maio que o técnico em enfermagem, residente no estado de Goiás, Gilberto Casta Almeida, de 26 anos, estava com sua companheira, Dorildes Laurindo, 56 anos, em um veículo de transporte particular (Blablacar) quando o condutor do carro, Luiz Carlos Pail Junior, 31, furou o sinal vermelho em Cachoeirinha após ver uma viatura da Brigada Militar (BM). Policiais do município em acompanhamento ao veículo informaram sobre a ocorrência aos brigadianos de Gravataí.
Na ERS-118, a viatura com os três PMs estava no cerco e quando avistou o carro suspeito, iniciou uma perseguição. Conforme os policiais informaram ainda no flagrante, quando o veículo parou, os ocupantes abriram fogo contra eles, que revidaram. O condutor, Luiz Carlos, estava foragido da justiça e foi capturado após sair correndo. Ele dirigia com uma CNH falsa, o que facilitou seu cadastro na plataforma de transporte.
Gilberto e Dorildes foram baleados e levados ao hospital. De lá, Gilberto recebeu alta e foi detido no Presídio de Canoas, quando foi solto no dia 29, após um pedido de Habeas Corpus impetrado pela advogada de defesa, Ana Lúcia Konrath Alves, e aceito pela 1ª Vara Criminal de Gravataí, entendendo que Gilberto havia sido preso injustamente. Dorildes permaneceu internada em estado grave no Hospital Dom João Becker, quando na última semana teve sua morte cerebral confirmada.