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- 14 de março de 2019
Polícia com o dono da droga e vereador fora do esquema; o inquérito quase fechado em Gravataí
Passados seis meses, a cidade de Gravataí ainda espera uma resposta sobre os quase 800 kg de maconha que haviam sido localizados por agentes da 2ª DP de Gravataí em um depósito no bairro Vila Rica. A notícia naquela manhã, publicada com exclusividade pelo Giro de Gravataí, que acompanhou durante toda a madrugada a operação entre a Polícia Civil e agentes da Guarda Municipal, caiu como uma bomba na cidade, principalmente na Câmara de Vereadores de Gravataí, já que o pavilhão aonde a droga estava armazenada pertencia ao vereador Mário Peres (PSDB).
Desde então, o inquérito que possui mais de 500 folhas já esteve na mesa dos mais experientes policiais da 2ª DP, e frequentemente visitava a sala do delegado, na época, Rafael Sobreiro. Hoje o volume é estudado e minuciosamente analisado pelo delegado Gustavo Bermudes.
O dono da droga
Desde a madrugada, policiais permaneceram no pavilhão para ver se alguém vinha buscar o material. Conforme um dos investigadores na época, cerca de 50kg já teriam saído do pavilhão dias antes, e foram distribuídos em pontos de tráfico na região. Dois veículos e um utilitário estavam no galpão e eram utilizados pela facção.
Foi a partir de um destes carros que a polícia chegou no suposto dono da droga. O homem, que já tem ligação com o tráfico de drogas estava sendo monitorado pela polícia, e conforme a investigação, elementos no local o colocavam como pivô do negócio. “Ainda estou analisando o inquérito, pois não começou comigo. Pelo o que consigo identificar, um dos veículo encontrados no pavilhão pertence a este homem, que já tem ligação com o tráfico de drogas. Alguns elementos – que não podem ser revelados pois ainda estão em investigação, colocam esse homem como dono, ou pelo menos responsável pelos ilícitos”, destacou Bermudes.
O vereador
Morando praticamente no pátio do depósito aonde a droga estava escondida, e sendo proprietário do terreno, o vereador Mário Peres (PSDB) também se tornou parte da investigação, mas sempre alegou ser inocente. Em depoimento nos primeiros meses e em entrevistas ele contou que possuia diversos terrenos e imóveis disponíveis para aluguel, e não teria como saber as atividades internas de cada um.
“Eu tenho diversos imóveis para aluguel em Gravataí. Mercado, casas e este pavilhão. Eles chegaram, fizeram o contrato, pagaram e estavam utilizando. Fiquei sabendo que guardavam droga ali hoje, quando a polícia me intimou”. Estou a disposição da justiça, mas repito, estou bem tranquilo, sou uma pessoa de bem”. Contou ele em entrevista na época a reportagem.
Cauteloso com o inquérito, o delegado Bermudes não descarta nenhuma hipótese, mas adianta que até o momento não foi identificado de forma inquestionável a participação do vereador na operação da droga em seu pavilhão. “Suspeitas, temos muitas, e de outras pessoas também, mas no inquérito trabalhamos com provas. Como estamos analisando ainda não encontramos um fator ou uma prova concreta que coloca o vereador como cúmplice do processo”, destacou Gustavo ao Giro de Gravataí.
Conforme fontes consultadas que analisaram o inquérito e participaram das investigações, o vereador não deverá ser indiciado pela droga, mas responderá por outros dois crimes. O primeiro por furto de energia elétrica, já que em seu pavilhão os policiais identificaram uma ligação direta na rede configurando o chamado “gato”. A Fundação Municipal do Meio Ambiente constatou que no local também havia um espaço com diversos galos de rinha, alguns machucados Além dos animais, foram localizados medicamentos, esporas e uma arena para rinha.
A polícia ainda analisa as conversas interceptadas por meio de ligações telefônicas dos investigados. A previsão é de que o inquérito seja remetido até o final de abril. A apreenderão foi a maior já feita em Gravataí e a segunda maior do Estado do RS naquele ano.