Nando Rocha: A força espiritual de quem perdeu um filho

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Foto: SporTV | Reprodução

Eu sou um colorado fã da pessoa Abel Braga. Mas nem precisaria ser para sentir e se comover com o drama que o Abelão vem passando. Quando eu era novinho tinha muito medo de morrer. Aliás, tive inúmeros pesadelos que acabava partindo muito jovem. Já não me considero mais tão jovem então, naturalmente, esse medo terminou, mas teve um outro fator que contribuiu significativamente para isso: acabei virando pai. E aí, meu velho, tudo muda. Em 2013 eu tive crise renal, passei por cirurgia, senti muita dor.

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Mudei bastante os meus hábitos alimentares de tanto medo de passar por aquilo de novo. Em 2014 virei pai. E nunca mais senti medo de uma crise renal. Tanto que passei por tudo, novamente, em 2015, e não consegui retomar os hábitos alimentares saudáveis. A minha preocupação total passou a ser a minha filha. Se dormia tossindo, se acordava espirrando, se tinha dor no ouvido, na garganta, se estava agasalhada, se estava comendo bem.

Aquele pânico que eu tinha de morrer jovem acabou virando um medo surreal de perder a minha filha, possivelmente inerente a todos os pais. Quando soube da notícia da morte do filho do Abel, tão jovem, cheio de vida e com um futuro imenso pela frente, tragédia que acontece às nossas vistas tantas e tantas vezes, hoje, sobretudo com essa onda de violência e insegurança a que estamos submetidos, sofri muito.

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Impossível sentir a dor de alguém sem empatia. E empatia é se colocar no lugar do outro. Naquela fração de segundos que me imaginei como o Abel, meu coração disparou, a boca secou, as mãos tremeram. Em uma fração de segundos me imaginei vivendo sem a graça de estar junto à minha filha. E chorei. Chorei por imaginar a dor de tantos pais que passam por isso e a força descomunal para seguir em frente.

Esses dias eu falava com um amigo, Paulo Cholante, que perdeu o seu filho, Fabiano, há dez anos. Era um grande amigo que eu tinha. A força espiritual e a forma como ele resinificou a perda do filho que era o foco total e o grande amor da sua vida, me impactou: ‘eu não perdi o Fabiano. Deus me deu a bênção de conviver com ele por 20 anos’.

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Na entrevista do Abel, dois dias depois de perder o filho, perguntado por que havia voltado antes do prazo que a direção lhe deu, ele disse: “preciso seguir em frente, até porque é o que o meu filho espera de mim. Já perdi para a morte, não vou também perder para a vida”. O que essas tragédias me ensinam, aqui de longe, sem vivenciar profundamente, é que, certamente, somos providos de uma força espiritual divina para suportar e seguir em frente. Altera o ciclo natural da vida, mas não pode acabar com a nossa vida. Lá de cima, possivelmente, eles querem que sigamos em frente. E talvez seja deles que vêm essa força.

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