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  • 31 de julho de 2019

Fiéis de comunidade evangélica acusam casal de pastores de golpe que ultrapassa os R$ 200 mil em Gravataí

Fiéis de comunidade evangélica acusam casal de pastores de golpe que ultrapassa os R$ 200 mil em Gravataí
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Até agora, três pessoas já registraram ocorrência contra o casal de pastores. Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí

Uma comunidade evangélica no bairro Sítio Gaúcho, na altura da parada 92, em Gravataí, está em choque. Isso porque um casal que ‘pregava’ na Igreja, desapareceu da noite para o dia, deixando uma dívida com os moradores da localidade que segundo eles, ultrapassa os R$ 200 mil reais. Há cerca de cinco anos instalada em Gravataí, a Igreja Ministério Batista Filadélfia, com sede em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, possui cerca de oito comunidades espalhadas pela Região Metropolitana. Em Gravataí, os cultos eram pregados pelo casal de pastores Luis Carlos Rangel e Crislaine Rangel, acusados pelos fiéis.

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Fazendo promessas por bençãos à comunidade, o pastor começou a pedir dinheiro, em pequenas quantias, emprestado, alegando a aplicação em problemas estruturais na igreja, ainda em funcionamento na Rua Folclore, naquela localidade.

“Ele sempre pedia. Sempre falava que precisava de um dinheiro para arrumar alguma coisa da igreja, ou precisava comprar alguma coisa. Colocar gasolina para ir pregar, até para comprar comida. Ele dizia que Deus ia nos abençoar em dobro. Aquela história que contava para todos. E assim fomos ajudando, queríamos ver nossa comunidade crescendo, por isso acabávamos emprestando esse dinheiro, no qual, ele sempre dizia que iria devolver, mas no fim caímos nesse golpe”, conta o vigilante Marlon Ripel Alves, frequentador da comunidade há cerca de três anos.

“Usou da nossa boa fé, do nome de Deus e da igreja para dar golpe”

Para o motorista Anilto Ramos pinto, o ‘baque’ foi maior. Com uma estreita relação com o pastor, o aposentado, que mora com a esposa no mesmo bairro, se viu obrigado a ajudar diante das situações apresentadas por Carlos e Crislaine. “A Crislaine chorou na minha frente pedindo dinheiro pro nascimento de um dos filhos. Eu e minha esposa, os dois aposentados, tiramos nosso dinheirinho da economia para ajudar. E todo o tempo foi assim, sempre pedindo pra uma coisa, dizendo que tinha que comprar outra. Me sentia mal em não ajudar, pois eles relatavam que passavam necessidades. Somando tudo, perdi uns R$ 30 mil”, contou o homem, de 68 anos, cabisbaixo em frente a delegacia.

Se não bastasse isso, o pastor é proprietário de uma empresa, mas havia saído do pavilhão, alugado por Anilto, por falta de pagamento. Depois disso, conforme testemunhas, Carlos passou por outros dois locais com sua empresa, mas ficou devendo aos locatários. A empresa, com o nome fantasia LC Toldos, e que leva o nome de Crislaine T C Rangel ME, sua esposa, está ativa desde junho de 2013, e passou por três endereços nos últimos anos. Em uma das denúncias envolvendo a LC Toldos, um cliente relata que fez o adiantamento do valor em 50%, mas que não teve o serviço concluído. Desde então, não localizou mais o casal.

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Os denunciantes suspeitam agora que a prática de estelionato tenha sido ampliada, da empresa para a igreja, já que segundo eles, as denúncias são semelhantes. “Temos o conhecimento que eles também faziam essa prática com os locatários, um deles nosso irmão, que já fez a denúncia, mas também fazia isso com os clientes, como temos um dos relatos”, disse Marlon.

Igreja Ministério Batista Filadélfia fica em uma região humilde do bairro Sítio Gaúcho . Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí

Sumiu sem dar satisfações

Com os constantes pedidos aos fieis, que ocorriam tanto no escritório da igreja quanto dentro de sua casa, os membros começaram a desconfiar do casal, que também seriam pregadores da igreja na matriz, no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. No dia cinco de julho, quando um dos denunciantes passou na casa dos pastores, foi informado que eles haviam se mudado do local ainda naquela madrugada, mas não chegaram a realizar uma mudança.

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“Vi que haviam pedido dinheiro pra todo mundo. Todos já começaram a comentar sobre os valores emprestados. Achamos estranho, sempre com as mesmas desculpas. Fui até a casa pra cobrar explicações. Quando cheguei lá já tinha outro moradores. Foi então que tivemos o conhecimento do golpe que havíamos tomado”, conta uma das vítimas.

Mais relatos 

Ao tomar conhecimento, outros fieis começaram a relatar os valores que eram pedidos por Rangel e sua esposa, e entenderam tratar-se de um golpe. Informalmente, todos eles contaram que foram persuadidos pelo casal a realizar o empréstimo dos valores. Em alguns casos, no qual a reportagem teve conhecimento, Rangel e Crislaine prometiam devolver o dinheiro a partir de uma herança que estariam para receber de uma parente, residente em outro estado.

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“Eles deram o golpe em toda a comunidade. Estamos todos apavorados. Tem gente que não está dormindo, não consegue comer. Pessoas assutadas que foram vítimas de estelionato. Todos nós emprestávamos dinheiro porque ele nos convencia. Sempre disse que ia devolver todo o dinheiro emprestado, mas nunca aconteceu. Agora que descobrimos o tamanho do problema. Eu perdi 28 mil ao longo destes anos. Dinheiro suado, do meu trabalho”, contou Vanderson Nascimento, de 27 anos, que também registrou ocorrência contra o casal.

Uma das ocorrências registradas contra o casal. Foto: Reprodução/Divulgação

Na cidade, pouco se sabe sobre o casal. Nos endereços residenciais que constam em documentos, Carlos e Crislaine não residem mais. Em 2018, ele chegou a ser homenageado na Câmara de Vereadores de Gravataí com o título Destaques da Aldeia, indicado na área social pelo vereador Alex Tavares.

“Pastor da Igreja Batista Filadélfia, Gravataí, Luis exerce a função há quatro anos. À frente da igreja, sempre liderou atividades sociais em prol da comunidade em que a igreja se localiza, na parada 92. Natural de Palmitinho, é morador de Gravataí há 15 anos. Luis é casado e tem quatro filhos”. Diz trecho no documento que defere o título à Rangel.

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Em contato com a reportagem, o vereador Alex Tavares se disse surpreso com a situação e informou ter indicado Rangel através de uma liderança comunitária. “Eu estou realmente surpreso com isso. Ele foi homenageado por mim através de uma liderança comunitária que nos informou a respeito do trabalho social que ele desenvolvia na comunidade. É complicado, não podíamos prever algo assim, mas que pague pelo erro se comprovado”, disse Alex por telefone.

Polícia de olho no caso

Para o delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Gravataí, as vítimas do casal devem registrar os danos para que a polícia possa investigar os casos e indiciar os autores nos devidos crimes. “É importante que seja feito o registro de ocorrência. Temos que levantar quantas pessoas foram lesadas por eles para que possamos tomar as devidas providências”, destacou Márcio Zachello.

O que dizem os envolvidos

Ao todo, três ocorrências por estelionato foram registradas em Gravataí. Além de Luis Carlos Rangel e Crislaine Rangel, o pastor presidente da Igreja Batista, Sadi Pinheiro Flores também é citado como parte. Conforme os fieis, outros ainda deverão registrar ocorrências ao longo da semana. Eles também estudam a possibilidade de uma ação coletiva contra o casal.

Luis Carlos Rangel e Crislaine – alvos da denúncia

A reportagem do Giro de Gravataí foi até o último endereço residencial do pastor, na Rua das Acácias, no bairro Jardim do Cedro, mas um novo morador já estava residindo no local. Ainda durante a produção do conteúdo, a reportagem ligou para cinco números, quatro deles pessoais e um da empresa LC Toldos. Apenas o número de Crislaine chamou até cair na caixa de mensagem. Os outros nem completam a ligação.

Igreja Batista Filadélfia Canudos – Matriz 

Dos três telefones disponíveis no site GuiaMais (3587-1981, (51) 99861-6681, (51) 99931-0506), apenas o último chamou, mas ninguém atendeu as ligações. Mensagens foram deixadas nas redes sociais da igreja, mas também não foram respondidas. A comunidade está localizada na Rua Dona Amália Mendes, 60 – bairro Canudos – Novo Hamburgo.

Pastor Sadi Pinheiro – citado nos boletins de ocorrência como responsável pela vinda do casal ao município

A reportagem conseguiu apenas um número de Sadi. As ligações não foram atendidas.

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