Delegacia de Gravataí acumula presos e tira das ruas policiais e viaturas

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Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí

Quem passou pela frente da Delegacia de Pronto Atendimento de Gravataí na noite desta última segunda (29), acreditou que dali seria feita alguma operação na cidade, já que cinco viaturas da Brigada Militar e aproximadamente 20 policiais estavam em frente a Dppa, no Parque dos Anjos. No entanto a situação é bem diferente.

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Policiais Militares e Guardas Municipais são obrigados a ficar custodiando os presos que estão dentro das viaturas por falta de vagas nos presídios do estado. A situação dentro da delegacia também se agravou nos últimos dias. A Dppa de Gravataí, que atende também Cachoeirinha e Glorinha, tem duas celas para abrigar provisoriamente dez presos, mas até a noite desta segunda (29) já tinham dado entrada mais de 20.

Com a superlotação nas celas, alguns presos foram colocados na sala de contenção. Não demorou muito para que o espaço ficasse lotado, com cerca de 11 presos. No lado de fora da delegacia, quatro viaturas da Brigada fazem a custódia de mais oito detentos.

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População é a mais atingida, avalia policial

Um policial, que não quis se identificar, conversou com a nossa reportagem e contou um pouco sobre a rotina de 12 horas fazendo a custódia dos presos. Segundo ele, o mais prejudicado é o cidadão de bem.

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“Como não tem onde colocar os presos, temos que tirar viaturas do patrulhamento e colocar estacionadas aqui e pôr os presos dentro. O primeiro ponto é esse. O segundo é o cidadão que precisa registrar uma ocorrência. As duas delegacias, da parada 68 e do Centro, estão funcionando em horário comercial. O popular chega aqui e também não consegue registrar, pois tem diversos flagrantes para serem lavrados. Nós fazemos a nossa parte, mas isso que está ocorrendo é um absurdo, é um desrespeito as pessoas de bem”, contou o policial.

O policial também conta que a situação insalubre dos presos acaba refletindo também nas condições de saúde dos demais policiais.

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“Os presos ficam quase 24 horas dentro dessas viaturas. O cheiro é insuportável! Eles estão há 5, 10 dias sem tomar banho. Tem preso com tuberculose, preso com o vírus HIV. E temos que levar a comida, levar ao banheiro, tirar das viaturas, tudo é conosco. Nos também ficamos prejudicados com essa situação, pois a chance de pegarmos uma doença é muito grande”, finalizou o policial.

Os presos reivindicam 

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O Giro de Gravataí conseguiu com exclusividade o acesso as celas provisórias da delegacia. No local, é possível sentir um forte odor e encontrar roupas, sapatos e restos de alimentos por todo o canto. Um homem, preso por tráfico de drogas, aceitou conversar com a nossa equipe e relatou um pouco da atual situação.

“Eu sei que errei e não estou pedindo para ser solto, mas quero ser levado para um presídio e cumprir minha pena. Tudo bem que eu mereça estar nessa situação, mas tu já imaginou que tem pessoas presas injustamente que estão nesta mesma situação que eu?! Estamos há dias sem tomar banho, sem escovar os dentes. Eu só quero cumprir a minha e deu”, contou ele.

Foto: Gabriel Siota Ganzer/Giro de Gravataí

Falta de vagas

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Desde o ano passado, a falta de vagas em penitenciárias vem provocando a superlotação de celas de delegacias. Em casos mais extremos, presos chegaram a ficar algemados a lixeiras após passarem várias horas dentro de veículos.

Em dezembro de 2016, o secretário de Segurança Pública, Cezar Schirmer, anunciou a construção de cinco centros de triagem: quatro em Porto Alegre e um quinto em Charqueadas, cidade distante cerca de 60 km da capital, em local inicialmente previsto para abrigar um hospital penitenciário.

Durante 3 horas que permanecemos na delegacia, pelo menos seis pessoas chegaram para registrar ocorrências simples e foram orientadas pelos plantonistas a procurarem outras delegacias. Cinco menores ficaram detidos na sala de contenção até a chegada de seus responsáveis. Conforme o delegado de plantão, não existe nenhuma previsão de normalização do serviço na Dppa de Gravataí.

 

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