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- 3 de julho de 2019
Cinco meses depois, polícia ainda tenta identificar autores da morte de três inocentes em Gravataí
“Eu moro a pouco tempo aqui. Aquela noite eu ouvi os tiros e sabia o que poderia ter acontecido, mas não com inocentes”, conta um morador que não quis se identificar, mas que presenciou o fatídico domingo do dia 28 de janeiro. Empunhando pistolas e até um fuzil, de calibre 5.56, pelo menos quatro atiradores entraram no conhecido “Beco do América”, foram até o final, retornaram o veículo e pararam ao lado dos jovens que se preparavam para comer um lanche. Neste momento eles abriram fogo.
O crime mobilizou os moradores madrugada a dentro, demonstrando que não se tratava de envolvidos no crime, no quais as cenas em becos e vielas são sempre as mesmas; somente os policiais e a reportagem na rua. O beco ficou cheio de parentes e amigos que recebiam aos prantos a notícia de que Cristiano Nascimento da Silva, de 19 anos, Jair de Moraes Feijó, 31 e um menor de apenas 14 anos haviam sido executados a sangue frio, e estavam estendidos atrás de um veículo estacionado na rua.
A investigação
Um dia depois do crime, os investigadores já sabiam a motivação para o assassinato, confirmando a tragédia. Uma desavença na guerra entre as facções levou os atiradores até o local para executar um dos chefes do tráfico. No entanto, a investigação reforça que os atiradores confundiram os jovens com o funcionários da “biqueira” – que realizam o tráfico de drogas naquela zona.
Testemunhas foram ouvidas e confirmaram que um homem, conhecido no bairro por ser o patrão, seria o alvo do bando. Ele chegou a ser conduzido para a delegacia, prestou depoimento, negou que seria o algoz dos matadores e foi liberado. A única testemunha ocular do crime, uma jovem que saiu ilesa do ataque, não soube informar as características dos bandidos, apenas as armas utilizadas no ataque.
As dificuldades
Por se tratar de uma região mais humilde da cidade, o bairro não conta com câmeras de vigilância nas residências próximas do crime. Testemunhas que prestaram depoimento também não souberam dar detalhes do crime. Para a investigação, o ataque tinha um alvo e pode ter sido cometido por matadores de outra cidade. “Sabemos do alvo, mas estamos na estaca zero quanto a autoria. Em outros casos, quando ocorre um homicídio já temos uma direção a seguir e já levantamos as suspeitas sobre os responsáveis. Neste caso não se tem nada. É possível que eles tenham vindo de outra cidade”, conta um policial que preferiu não se identificar.
Para o delegado titular da Delegacia de Homicídios de Gravataí, Eduardo do Amaral, a falta de detalhes deixou o caso truncado. “Está difícil. É um dos únicos casos que temos em aberto e com poucas informações. Realizamos algumas diligências, até buscamos testemunhas, mas em geral é a mesma coisa. Sabemos que local é conhecido pela traficância, mas as vítimas mortas não tinham envolvimento aparente com o crime. Podem ter sido realmente confundidos”, disse Amaral.
A Delegacia de Homicídios de Gravataí ainda recebe denúncias anônimas pelos telefones (51) 39452741 ou whats 51-986088876. A Polícia Civil garante total sigilo dos informantes.